Onde está aquele pingo d'água seu doutor
A vida mansa que você nos prometeu
Aquele resto de esperança que sobrou
Que você levou e nunca mais apareceu
Onde está aquela juventude que sonhava
Que amava muito e respirava poesia
Devolva nossa alegria, nossa fantasia
Nosso sonho, nosso chão
Queremos água na cacimba pra beber
Queremos flores se abrindo no jardim
Queremos tudo que for de nosso querer
E que a tristeza vá pra bem longe daqui
Ainda quero ver a lua na lagoa
Ainda quero ver no povo um esplendor
Só falta seu doutor um bocadinho
Mais um bocadinho de carinho e de amor
Só queremos água, não queremos mágoa
Não queremos nada mais que a razão
Devolva seu dotou o nosso espaço
Nosso riso, nosso traço, viva o povo do Sertão.
"Aqui em se plantando tudo dar
Disse Vaz de Caminha numa carta
É verdade doutor ou não será
O Brasil um país de terra farta
Com seus climas salubres, temperados
Temos vales, caatingas e cerrados
Esperando o arado e o trator
Pra rasgar solo fértil, úmido e quente
E o Sertão se tornar independente
Mais risonho, feliz e sonhador"